sábado, 20 de janeiro de 2018

Os dias eram assim...

Meu amigo Sérgio lembra que em 1971, de traquinagem, quebrou o farol de um carro estacionado perto da casa dele. O pai soube, deu-lhe uma surra de cinta e o traquina nunca mais fez aquilo. Entrou para a faculdade e hoje é um profissional de sucesso. Em 2011 seu filho fez o mesmo, Sérgio reprisou a surra que levara, mas seu filho o denunciou e ele foi condenado à prestação de serviços comunitários. O filho caiu na droga e hoje está num abrigo para menores.
Em 1971, o coleguinha mais moço de Sérgio sofreu uma queda no recreio, a professora deu-lhe um abraço e o menino voltou a brincar. Em 2011, outro menino esfolou-se no pátio da mesma escola, a diretora foi acusada de não cuidar das crianças, saiu na TV e ela renunciou ao magistério e hoje está internada, em depressão.
Em 1971, quando os coleguinhas de Sérgio faziam bagunça na aula, levavam um pito do professor, eram levados à direção e ainda sofriam castigo em casa. E todos se formavam prontos para a vida. Em 2011, a bagunça em sala de aula faz o professor repreendê-los, mas depois pede desculpas, porque os pais foram se queixar de maus-tratos à direção. Hoje fazem bagunça no trânsito e no cinema, incomodando os outros.
Em 1971, nas férias, todos saíam felizes, enfiados num Fusca. Depois das férias, todos voltavam a estudar e a trabalhar mais. Em 2011, a família vai a Miami, volta deprimida e precisa de 15 dias para voltar à normalidade na escola e no trabalho.
Em 1971, quando alguém da família de Sérgio adoecia, ia ao INPS, esperava duas horas, era atendido, tomava o remédio e ficava bom. Saía a correr, pedalar, subir em árvores de novo. Em 2011, os parentes de Sérgio pagam uma fortuna em planos de saúde, fazem exames de toda sorte à procura de câncer de pele, pressão nos olhos, placas nas artérias, glicose, colesterol, mas o que têm é distensão muscular por causa de exageros na academia.
Em 1971, o tio preguiçoso de Sérgio foi flagrado fazendo cera no trabalho. Levou uma reprimenda do chefe na frente de todos e nunca mais relaxou. Em 2011, o cunhado de Sérgio foi flagrado jogando xadrez no computador da empresa, o chefe não gostou e o puniu. O chefe foi acusado de assédio moral, processado, a empresa multada, o cunhado relapso foi indenizado e o chefe demitido.
Em 1971, o irmão mais velho de Sérgio deu uma cantada na colega loira de trabalho. Ela reclamou, fez charminho e aceitou um jantar. Hoje estão casados. Em 2011, um primo de Sergio elogiou as pernas da colega de escritório, foi acusado de assédio sexual, demitido e teve que pagar indenização à mulher das belas pernas, que acabou no psiquiatra.
Meu amigo Sérgio me pergunta o que deu em nós, nesses 40 anos, para nos tornarmos tão idiotas, jogando fora a vida como ela é.
*Dei a resposta: é a ditadura da hipocrisia imbecil do politicamente correto.*


Civilidade na sarjeta...

O jornal O Globo acaba de divulgar que 71% dos juízes brasileiros, em todos os tribunais, recebem acima do limite estabelecido pela Constituição. Os juízes são os aplicadores da lei. Levantamento mostra que quase 30% dos congressistas estão respondendo a processos por infringirem a lei. Eles que fazem as leis federais - e podem até mudar a Constituição. A empreiteira Camargo Correia acaba de revelar que ela e as demais grandes empreiteiras fizeram cartel para enganar concorrências para metrô em oito unidades da federação, durante 16 anos., desde 1998. Como repórter no Palácio do Planalto, vi, muitas vezes, no governo Geisel, entrarem lá grandes empreiteiros, como Norberto Odebrecht e Sebastião Camargo, mas nunca se soube de alguma ilicitude envolvendo governo e empreiteiras. E isso que foram feitas grandes obras no período. Todos, antes e agora são igualmente brasileiros. O que teria mudado para pior nas consciência nacional?
A violência impera. Esta semana, um juiz de direito em São Paulo foi a nocaute depois de receber um soco de um advogado em plena audiência; no Rio Grande do Sul, criminosos armados invadiram o forum e tentaram matar a juíza; aqui em Brasília, vizinhos não esperaram a polícia e lincharam um assaltante; no Rio de Janeiro, onde três ex-governadores foram presos,  já foram mortos neste ano 128 policiais militares - até o momento em que escrevo; no Maracanã, a maior torcida do Brasil protagonizou vergonhosa selvageria num jogo internacional decisivo. O cantor Lulu Santos, analisando os atuais sucessos musicais, afirmou que estamos voltando à fase anal. Na verdade, parece estarmos voltando às cavernas, voltando a ser primitivos, a nos comunicar com urros.
Preocupado, o Papa postou uma mensagem pedindo que os mais velhos, os idosos, transmitam sua sabedoria aos mais jovens. Os mais jovens, avançados na linguagem digital, estão conversando com máquinas e são vítimas da droga. As mulheres pensam que é novidade o  empoderamento, mas a mudança vem de muito tempo. Em 1951, pulei carnaval com a marchinha “Papai Adão já foi o tal, hoje a Eva é quem manobra e a culpada foi a cobra.” Os homens já não abrem as portas para as mulheres, já não oferecem o assento, não tiram o boné ao sentar-se à mesa com elas - e elas já esqueceram como segurar um garfo e uma faca. Perdem-se os encantos dos ritos, do romantismo e da cortesia.
O trânsito é um retrato do egoísmo e da falta de capacidade de compartilhar de uma cidade. A civilidade anda pela sarjeta. Parece haver uma conspiração ideológica para destruir os valores individuais, coletivos, da família e do estado. Não acredito em bruxos e bruxas, mas eles se revelam por suas obras. Parece que eles existem. O pior é a banalização do valor maior, que é a vida. Morremos de morte violenta, em assassinatos e no trânsito, à razão de 300 por dia. Os 300 de Esparta deram a vida pela defesa de sua urbe, seus princípios, seus lares. Os 300 sacrificados diariamente no Brasil perdem a vida por nada.
Alexandre Garcia




Seria um sonho voltar a ter LIBERDADE?

Fui criado com princípios morais comuns:
Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.
Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!

Arnaldo Jabor


Fonte:
www.pensador.com/textos_de_arnaldo_jabor



quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Amor x Ódio... Esquerda x Direita... Quem perde somos nós!

Você já entrou em uma discussão política com alguém de posição oposta à sua? Eu já! O então “adversário”, que eu conhecia há 3 anos, hoje não fala mais comigo. Seria possível um debate franco entre “esquerda x direita” sem que se crie ódio um pelo outro?
O diálogo entre os dois espectros é indispensável, mas no Brasil ele existe? Tenho posição definida, mas gosto de me manter imparcial em relação ao que leio. Costumo acessar sites de esquerda e também leio artigos de escritores da direita, quase sempre de tocaia, leio a notícia e depois passo pela seção de comentários.
Já pude perceber que se estou em um ambiente esquerdista e alguém da direita comenta por lá (ou vice-versa), esta pessoa será — com toda a certeza — massacrada! É quase impossível se estabelecer um diálogo respeitoso entre as duas partes, isto não acontece somente com anônimos. “Ícones” dos dois lados (tais como Caetano Veloso e Olavo de Carvalho, por exemplo) também não costumam trocar gentilezas.
Quem perde com essa ausência de debate civilizado? A resposta é fácil: o país!
Hoje estamos em meio a uma guerra cibernética de ideologias. São os “idiotas úteis” contra os “reacionários”, mas por que há tanto ódio entre os dois lados? Já temos e/ou tivemos ditaduras de esquerda e de direita mundo afora e — imagino eu — a maioria da população brasileira é contra quaisquer ditaduras.
Se eu estiver mesmo certo neste ponto, faria sentido toda essa insistência em tentar calar alguém com uma opinião divergente da sua? Tal atitude só explicita o pensamento totalitarista, logo, hipócrita destes indivíduos que pregam a democracia mas não aceitam contradições.
Seria possível uma nação prosperar sem que houvesse oposição às ideias do governo? Talvez… Mas para dar certo, esse teria de ser o país com as pessoas mais sinceras e bem intencionadas do mundo, caso este que não é o do Brasil.
Com o cenário atual, de ódio a ideias opostas, o país só tem a perder. Sei que isso ocorre em qualquer parte do mundo, afinal, a intolerância entre esquerda e direita não é uma exclusividade nossa, mas e se houvesse um diálogo aberto e civilizado entre os dois lados, os debates políticos não seriam melhores e mais interessantes?
Sem essa conversação tão importante, o avanço corre sério risco de ser retardado, uma vez que temos um lado ignorando ideias progressistas (favoráveis ao progresso, não necessariamente esquerdistas) do lado oposto.
Temos um imenso número de analfabetos políticos — o que é triste —, imagino que o motivo primordial seja a falta de interesse no assunto, simples e puramente. Porém, acredito que outros deixam de se alfabetizar pelo fato de não quererem entrar em um ambiente tão hostil. É raro encontrar uma pessoa que não compartilhe de sua opinião e mantenha um debate sem ofensas. A meu ver, isso acaba sendo um desserviço à juventude despolitizada.
Precisamos aprender a dialogar e respeitar quem tem opiniões contrárias, ao invés de crucificá-las e demonizá-las ao primeiro sinal de divergência ideológica.
Você que é de esquerda, acha mesmo que todos da direita são pessoas ruins?
Você que é de direita, acha mesmo que todos da esquerda são pessoas ruins?
Coloque-se de forma imparcial e reflita sobre, faça sua parte neste ponto e ajude a melhorar o debate político entre indivíduos de posições opostas para que isso deixe de ser um problema (quase um tabu). No final, somos apenas cidadãos que acreditam em caminhos diferentes para a prosperidade da nação.