“Uma crise política que, juntamente com a queda dos preços das commodities, contribuiu para uma forte contração da economia, minou a confiança dos consumidores e dos investidores. A situação fiscal do Brasil foi severamente comprometida por uma combinação de inflação alta, paralisia política e aumento dos déficits orçamentários que elevaram o peso da dívida pública.
 A interferência do Estado na economia tem sido pesada. A eficiência e a qualidade geral dos serviços públicos continuam pobres, apesar dos altos gastos governamentais. A implementação de qualquer programa de reforma se mostrou difícil. Os obstáculos à atividade empresarial incluem impostos onerosos, regulamentação ineficiente, difícil acesso ao financiamento de longo prazo e um mercado de trabalho rígido. O sistema judicial continua vulnerável à corrupção”.
 A vergonha aumenta quando vemos quatro vizinhos de América Latina lá em cima no topo da lista. É o caso do Chile que está na 10o posição geral, mesmo tendo perdido alguns pontos em um ano. Colômbia, Uruguai e Peru estão na turma dos 30 e 40 do ranking. Os primeiros são os mesmos há anos, com pouca variação: Hong Kong, Cingapura, Nova Zelândia, Suíça, Austrália e a pequena Estônia.
 Os critérios adotados no Índice de Liberdade Econômica variam entre os livres, majoritariamente livres, moderadamente livres, pouco livres e repressores. Nós estamos na beira dos “pouco livres”.
 "Em outras palavras, somos tão socialistas quanto Togo (138°), Burundi (139°), Paquistão (141°) e Etiópia (142°). E mais socialistas do que países como Gabão (103°), Tadjiquistão (109°), China (111°, ainda controlada pelo Partido Comunista)", disse o administrador de empresas Jefferson Araújo, em sua análise sobre o ranking no Twitter.
No destaque sobre a posição do sistema judiciário brasileiro, os analistas do Heritage não pouparam ninguém. “Os escândalos de corrupção minaram a confiança em instituições públicas e privadas e contribuíram para o declínio do Brasil no Índice de Competitividade Global 2016 do World Economic Forum. Muitos membros do partido do PMDB, por exemplo, estão profundamente envolvidos no escândalo da Petrobras”.
Este é o tipo de alerta que não aparece nas operações da Bolsa de Valores ou na cotação do dólar. Preço é uma coisa e vale pouco tempo – especialmente no Brasil. Qualidade dos ativos do país é outra coisa e discute-se depois. A triste verdade é que o Brasil realmente perdeu demais nos últimos cinco anos e mais ainda depois de 2014. A deterioração institucional e dos fundamentos da economia deixa um rastro lamentável e compromete a recuperação do país como um todo, não só do PIB.
A abertura da economia é condição essencial para o Brasil reconstruir suas bases. Um desafio que ficou ainda maior com a chegada de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos e seus questionamentos sobre as forças do comércio internacional. O recrudescimento das relações globais, entretanto, não terá sido obra exclusiva do novo presidente americano já que o ranking da Heritage mostra que os EUA também perdeu posições, saindo do 11o para o 17o lugar em um ano.
Vai ser interessante acompanhar a evolução do Índice de Liberdade Econômica em 2017. E torcer muito para que o Brasil recupere algumas linhas no longo caminho que nos separa da eficiência e desenvolvimento econômico.Aqui o link com os dados brasileiros. (http://www.heritage.org/index/country/brazil )